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Episódio:

As CORES nos jogos

Quando alguns desenvolvedores ou artistas de games vão criar o visual de seus jogos, ou até mesmo aprender a criar as artes para games, focam apenas em aprender técnicas como pixel art, modelagem, texturização, dentre outras técnicas importantes para games.

E até aí tudo bem, pois aprender sobre isso é importante. O problema, é que muitos se esquecem do mais importante, que é o uso correto das cores, e sim, as cores são mais importante do que qualquer outra coisa, pois a pixel art de um jogo pode ser tecnicamente mal feita ou demasiadamente simples, porém, se as cores são bem selecionadas, o jogo acaba se tornando bonito.

É como aquelas pinturas que a gente não entende nada mas acaba gostando da combinação das cores.

Tem também alguns jogos com visual abstrato, baseados apenas em blocos, que devido a boa harmonização das cores, enche os nossos olhos, portanto, não adianta você estudar softwares, técnicas de pixel art, etc. se não aprender a utilizar as cores de forma correta.

E acredito que parte da falta de conhecimentos sobre o assunto, é o fato de que muitos se acostumaram com os tutoriais “picados” da internet, que em sua maioria focam em funcionalidades de softwares, fazendo com que os estudantes sequer percebam a importância de conceitos fundamentais que vão além do simples apertar botões, como a teoria das cores.

E assim, surgem jogos que mesmo tendo uma técnica de base bem utilizada, acabam pecando e fracassando terrivelmente nas cores, destruindo todo o trabalho.

E saber utiliza-las não é tão simples quanto ir na paleta de cores do software e escolher uma cor aleatória, e você terá que fazer muitos testes conscientes para poder aprender nem que seja um pouco sobre este assunto.

Mas eu separei algumas dicas, que embora sejam básicas, poderão ser de grande ajuda.

 

MENOS É MAIS:
Usar softwares de produção gráfica nos oferece uma infinidade de cores, e isso é bom, mas também pode ser ruim, pois o excesso delas em um projeto poderá simplesmente arruiná-lo, portanto, busque trabalhar com uma paleta de cores limitada e repita uma determinada cor em outros locais.
Este conceito é muito utilizado em trabalhos de pixel art, que seguia esta regra devido às limitações de hardware dos vídeo games, e por isso, é possível observar as mesmas cores sendo utilizadas em diversas partes do jogo.

Acima você pode ver que utilizando uma quantidade menor de cores, é possível criar artes visualmente agradáveis e limpas, diferente da primeira versão, que está com um visual poluído e carregado.

 

ESQUEÇA SUAS CRENÇAS:
Durante nossa vida, vamos construindo idéias visuais que fazem com que sempre façamos o céu azul, os troncos das árvores e a terra marrons, dentre outros conceitos visuais pré estabelecidos.
No entanto, nem sempre as cores que pré concebemos para os objetos são necessariamente as mais adequadas e que ficariam mais interessantes para um trabalho de arte, ou games.
Portanto, é importante testar e ir além de nossas crenças e concepções visuais para melhor escolhermos as cores de nossos trabalhos.

Observando a imagem acima, podemos ver que o cenário da esquerda foi pintado com as cores que geralmente acreditamos que as coisas são, enquanto que no exemplo da direita foi utilizado cores que fogem de nossas crenças, e veja como que a segunda versão se torna bem mais atraente e agradável de se olhar.

 

NÃO UTILIZE AS CORES “PURAS”:
Se tem uma coisa dói os olhos de qualquer artista é ver um trabalho que utiliza alguma cor muito intensa, pura, como um vermelho ou azul total, pois na natureza, dificilmente você encontrará as cores puras, portanto, quando for escolher uma determinado cor, faça algumas modificações em suas propriedades, principalmente na saturação e temperatura, pois assim, você encontrará cores bem mais interessantes do que as cores básicas da paleta do software.

No exemplo acima, à esquerda, temos o personagem pintado com as cores “puras”, o que faz com que o mesmo seja muito genérico e fique “vibrante” demais, o que em um contexto de jogo, com cenários e objetos se movendo, pode criar uma poluição visual. Enquanto isso, o modelo da direita possui cores mais bem elaboradas, e mesmo que ambos tenham o cabelo amarelo e a roupa verde, a tonalidade e intensidade da cor no personagem da direita ficou mais interessante e agradável, sem contar que adquiriu mais personalidade.

 

PLANOS E PERSPECTIVA ATMOSFÉRICA:
Quando se trata de games, é preciso pensar na interatividade e na forma com que o jogador vai interagir com os elementos do jogo, e para que esta interação aconteça de forma correta, os elementos visuais precisam “guiar” o jogador, portanto, é importante que os planos (background, área de jogo) sejam visualmente bem definidos, pois quando não são, pode acabar induzindo o jogador a tomar decisões erradas, como pular em um local achando que é uma plataforma interativa, quando na verdade é apenas a imagem de background.
E para resolver este problema, é preciso levar em consideração a perspectiva atmosférica, que nada mais é fazer com que os elementos mais afastados fiquem menos nítidos (menor quantidade de detalhes) e com uma coloração esbranquiçada, azulada ou outra cor (fruto da iluminação atmosférica).
Quando observamos as montanhas no horizonte, percebemos que quanto mais afastadas, mais azuladas ficam, e este é o efeito da perspectiva atmosférica na vida real.
Portanto, utilize cores que crie este efeito para ter um jogo com muito mais profundidade, que além de bonito, ficará mais funcional.

Observe que na imagem acima e à esquerda, é difícil identificar e separar os planos do jogo, o que prejudicará a experiência do jogador, enquanto que no exemplo da direita, existe uma maior profundidade no cenário, além de ser possível distinguir com clareza o plano de fundo da área de jogo. Note também, que quanto mais afastado está um plano, mais os elementos tendem a ficar com a cor do céu (atmosfera).

 

O PROBLEMA DA LUZ E SOMBRA:
Quando se vai pintar as sombras ou luzes de um objeto, intuitivamente pensamos “a sombra é a cor base escurecida, e a parte iluminada é a cor base mais clara”, e este é um pensamento incompleto, pois além de alterar a tonalidade de uma cor, também é preciso alterar sua temperatura, pois as cores das sombras, além de serem mais escuras, também são mais frias, ou seja, tendem ao azul, enquanto que as cores das áreas iluminadas, além de serem mais claras, tendem ao amarelo, quado são iluminadas pelo sol.
Portanto, toda vez que for pintar luzes e sombras, altere também a temperatura das cores.

Nos exemplos acima à esquerda, as sombras e luzes foram pintadas mudando-se apenas a tonalidade da cor base, enquanto que no modelo da direita, além de alterar a luminosidade (deixar mais escuro ou claro) também foi modificado a temperatura das cores, deixando as sombras mais azuladas e os brilhos amarelados.

E se você achou que são muitos detalhes, fique sabendo que isso é só o básico e existe um universo de conhecimentos voltados especificamente para o uso das cores, e que deve ser estudado por todos os artistas.

Apesar de eu ter utilizado pixel art para exemplificar, estes conceitos também são aplicáveis em outros estilos de arte para games, inclusive em jogos 3D, portanto, lembre-se deles quando for texturizar seus modelos.

Agora, se você gostou deste post, compartilhe com seus amigos, pois deu bastante trabalho condensar estas informações e criar toda esta pixel art exclusiva para a postagem, e acredito que este esforço merece seu compartilhamento!

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Jeferson Dias

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